Autores:
Maria Luísa Colaço, Mara Ferreira, João Cabral
Resumo:
Introdução: A ptose palpebral senil é a causa mais frequente de blefaroptose. Muitas vezes a primeira intervenção falha por má técnica cirúrgica, coexistência de insuficiência do músculo orbicular, ou ainda não reconhecimento de patologia neurológica. Após uma cirurgia o processo de remodelação tecidual e fibrose altera a anatomia da pálpebra superior tornando-se um desafio a resolução destas ptoses persistentes ou recorrentes. A cirurgia dirigida à aponevrose do músculo levantador da pálpebra superior (LPS) (verificando-se uma função muscular ≥ 4mm) é uma cirurgia mais segura, menos invasiva, mais anatómica e com melhor resultado estético que a suspensão palpebral ao músculo frontal. Assim, não deve ser posta de parte apenas por se tratar de uma reintervenção, ou quando houve falha cirúrgica prévia. Objectivos: Neste trabalho os autores pretendem relatar dois casos clínicos de reintervenções bem sucedidas.
Métodos:
Caso clínico 1: doente do sexo feminino, 74 anos, com ptose palpebral esquerda. Antecedentes pessoais: cirurgia de catarata OU no ano anterior, blefaroptose e ectropion bilateral tendo realizado blefaroplastia das 4 pálpebras associada a reinserção bilateral da aponevrose do LPS e cantopexia externa bilateral há 6 meses. À observação apresentava uma ptose palpebral esquerda (+4) que interferia com o campo visual, com boa função do levantador da pálpebra superior (7 mm). A MAVC era 0,9 OU não apresentando outra alteração que não pseudofaquia bilateral. Realizou encurtamento da aponevrose do LPS esquerda sem complicações.
Caso clínico 2: doente do sexo feminino, de 42 anos, com antecedentes de 5 cirurgias de ptose palpebral esquerda nos últimos 13 anos, apresentou-se na consulta de oftalmologia por ptose palpebral esquerda recidivada, estável nos últimos 2 anos. Tinha realizado investigação etiológica da ptose com despiste de doenças neurológicas. À observação apresentava uma ptose palpebral esquerda de +3,5 mm, lagoftalmos, limitação da elevação do músculo recto superior esquerdo, ortoforia em posição primária do olhar, sem diplopia. A MAVC era 10/10 OD e 5/10 OE. No segmento anterior era visível uma cicatriz conjuntival superior antiga no OE. A função do LPS era 4 mm. Realizou encurtamento da aponevrose do LPS esquerda associada a blefaroplastia sem complicações.
Resultados:
Caso clínico 1: No primeiro mês de pós-operatório a doente apresentava um excelente resultado estético e funcional com discreta ptose nasal, sem queratite ou lagoftalmos.
Caso Clínico 2: Ao 1º mês de pós-operatório apresentava uma excelente posição palpebral, mantendo discreto lagoftalmos e queratite superficial.
Conclusões: As reintervenções na cirurgia de ptose constituem um desafio na identificação da aponevrose do LPS, seu isolamento de bandas fibróticas, e encurtamento eficaz sem ser excessivo. Contudo são uma realidade alcançável associada e melhores resultados estéticos e menor morbilidade para o doente pelo que não devem ser esquecidas ou abandonadas.
Apresentado:
no 53º Congresso Português de Oftalmologia, em Vilamoura, Dezembro de 2013