Carcinoma pavimento celular da órbita – caso clínico

Autores: 

Ana Luísa Rebelo, António Ramalho, Augusto Candeias, João Cabral

Resumo: 
     Introdução: Uma lesão ocupando espaço na órbita causa proptose e deslo­ca­mento do globo ocular, podendo ser uma lesão primária ou manifestação de uma doença sistémica. As dificuldades no diagnóstico diferencial frequentemente exigem a realização de uma biópsia. Os Carcinomas Espinhocelulares (CEC) são neoplasias de prognóstico reservado pelo potencial de metastização local e à distância. Cerca de 20% dos doentes que apresentam metástase orbitária não têm história de carcinoma primário, sendo este o sinal de apresentação da doença.
     Material e Métodos: Os autores apresentam o caso clínico de um doente do sexo masculino, 73A, antecedentes oftalmológicos e pessoais irrelevantes, que recorreu ao SU, com queixas de desconforto ocular, olho vermelho e edema palpebral progressivos à esquerda com uma semana de evolução. Apresentava proptose não axial com limitação dos movimentos oculares, associada a edema peri-orbitário e hiperémia da conjuntiva com engurgitamento vascular e quemose. Reflexos pupilares assimétricos com resposta menor e mais lenta do OE. A investigação etiológica iniciada com TC CE e órbitas evidenciou “lesão tumoral da órbita esquerda, extra-cónica com cerca de 40x25x21mm, em contacto com inserção justa-bulbar do nervo óptico (...) condiciona erosão do tecto orbitário - linfoma?” O doente foi referenciado ao IPO onde foi efectuada biópsia cujo resultado histológico e de imunocitoquímica revela carcinoma espinhocelular. A rápida evolução da doença e o comportamento agressivo e infiltrativo da lesão condicionou sintomatologia manifestada por diminuição progressiva da acuidade visual OD, proptose exuberante com ptose e limitação total dos movimentos oculares e cefaleias holocraneanas não pulsáteis.
     Conclusão: As massas orbitárias são incomuns e a sua investigação etiológica conduz muitas vezes à detecção de doenças primárias ocultas e de mau prognóstico. O CEC da órbita é uma neoplasia pouco frequente que pelo risco de metastização pode ter influência no prognóstico vital do doente. Para a elucidação diagnóstica, além do exame clínico completo, são fundamentais exames complementares como a ultra-sonografia, TAC, entre outros, sendo mandatória a avaliação de disseminação sistémica.

 

Apresentado: 
no 53º Congresso Português de Oftalmologia, Em Vilamoura, Dezembro de 2010