Tratamento do hemangioma infantil: o que há de novo

Autores: 

Ana Rita Azevedo, Digo Cavalheiro, Samuel Alves, Susana Pina, André Gonçalves, Filomena Silva, João Cabral, Susana Teixeira

Resumo: 
     Introdução: Hemangioma infantil é o tumor vascular mais frequente da infância com uma incidência estimada de 10-12% nos caucasianos ao primeiro ano de vida. Até 60% das crianças com hemangiomas peri-oculares desenvolvem ambliopia de privação, refractiva ou por estrabismo. Se existir componente orbitário, podem surgir proptose com queratopatia de exposição e neuropatia óptica compressiva. Os corticóides orais ou peri-lesionais eram considerados como terapêutica de primeira linha para hemangiomas complicados por alterações funcionais ou estéticas importantes. No entanto, apresentam efeitos secundários potenciais graves e alguns doentes são resistentes. O beta-bloqueante propranolol surgiu recentemente no tratamento do hemangioma infantil resistente a corticóide e é já apontado por alguns como tratamento de primeira linha. O objectivo deste trabalho é abordar várias formas de tratamento do hemangioma infantil, as suas vantagens e limitações.
     Material e Métodos: Abordagem das principais atitudes face ao tratamento e seguimento do hemangioma infantil peri-ocular com referência a casos clínicos em que foram adoptadas uma das seguintes medidas: atitude expectante, tratamento com LASER, corticóide sistémico e propranolol.
     Resultados: Dois doentes foram submetidos apenas a observação periódica, seis foram medicados com corticóide sistémico e um com propranolol. Em todos os doentes se verificou estabilização do tamanho do hemangioma, que se tornou menos evidente com o crescimento da criança. Três desenvolveram ambliopia (dois medicados com corticóide e um submetido a observação). Um doente medicado com corticóide desenvolveu alteração da personalidade e aspecto cushingóide. No doente tratado com propranolol, a diminuição da consistência da massa tumoral foi imediata com redução progressiva do seu tamanho. Não se verificaram efeitos adversos nem astigmatismo significativo.
     Conclusão: Quando foi necessário intervir na história natural do hemangioma infantil, o tratamento com propranolol foi eficaz e desprovido de efeitos secundários. E, no entanto, um tratamento off label, pelo que os pais devem ser informados e assinar um consentimento. Espera-se assim evitar ambliopia refractiva residual, obter um bom resultado estético e evitar a imunossupressão causada pelos corticóides numa criança com sistema imunitário ainda imaturo.

 

Apresentado: 
no 53º Congresso Português de Oftalmologia, em Vilamoura, Dezembro de 2010