Autores:
João Rodrigues, Filomena Ribeiro, Susana Teixeira, João Cabral, F. E. Esperancinha
Resumo:
Introdução: O linfoma intraocular é uma situação clínica rara, tratando-se na grande maioria dos casos de linfoma não-Hodgkin (LNH) do SNC de linfocitos B com carácter multicêntrico, envolvendo o cérebro, espinhal medula, leptomeninges e/ou retina. No entanto, em 15% dos casos são LNH sistémicos com invasão secundária do globo ocular por intermédio da circulação coroideia. O envolvimento ocular por linfoma frequentemente precede o desenvolvimento de doença clinicamente evidente do SNC (80% dos casos), sendo o diagnóstico definitivo realizado quando são encontrados linfocitos malignos em amostras de vítreo, LCR ou tecido cerebral. Do ponto de vista clínico, o LNH do SNC manifesta-se frequentemente por infiltração uni ou multifocal do espaço sub-retiniano, retina, vítreo e inflamação do segmento anterior, associando-se a diminuição e enevoamento da visão.
Objectivo e método: Os autores apresentam o caso clínico de um doente com o diagnóstico de LNH do SNC submetido a radioterapia quimioterapia e cirurgia em 1997 e clinicamente em remissão. Recorre à consulta de oftalmologia em 2001 por diminuição progressiva da acuidade visual, tendo sido diagnosticada uma pan-uveíte bilateral resistente à corticoterapia local e sistémica, associada a hipertensão ocular do OE.
Resultados: É apresentada a evolução clínica e os resultados dos estudos complementares realizados para o diagnóstico de linfoma intraocular, realçando o papel do estudo neuro-radiológico do SNC por Ressonância Magnética com espectroscopia, e a importância dos mesmos na decisão da instituição da terapêutica neste caso, no qual existia diagnóstico prévio de LNH do SNC e o grau de suspeita era muito elevado.
Conclusão: O linfoma intraocular é uma das principais causas de síndrome mascarado, podendo ser rapidamente fatal por disseminação intracraniana, em particular quando se trata de LNH do SNC com envolvimento ocular. A sobrevida média destes doente é de 15 a 18 meses (3 a 4 % aos 5 anos), pelo que o diagnóstico precoce e tratamento imediato pode melhorar o prognóstico desta patologia.
Apresentado:
► no XLV Congresso Português de Oftalmologia no Funchal, Novembro de 2002
Apresentado2:
► na Sessão de Recepção aos novos Internos do Hospital Fernando Fonseca, na Amadora, Janeiro de 2003, onde foi premiado com Menção Honrosa.