Autores:
João Cabral, Susana Teixeira, Luisa Biscoito, Isabel Prieto, Graça Pires, F. E. Esperancinha
Resumo:
Introdução: As fístula durais da região do seio cavernoso manifestam-se frequentemente por sintomatologia do foro oftalmológico. Constituem uma patologia relativamente rara mas passível de tratamento por via endovascular. A estratégia utilizada na embolização destas fístulas depende sobretudo do tipo de drenagem venosa observada e da uni ou bilateralidade da fístula.
Material e métodos: Os autores apresentam m caso clínico de uma doente de 62 anos com parésia muscular unilateral à direita, com três meses de evolução e instalação progressiva de hiperémia conjuntival, quemose e dor ocular. Um sopro orbitário e a pulsatibilidade da veia angular eram evidentes. A investigação imagiológica (angiografia cerebral) revelou uma fístula dural da região do seio cavernoso, bilateral, de baixo débito, e com drenagem para a veia oftálmica direita. Atendendo à impossibilidade de acesso venoso directo, por características anatómicas particulares, procedeu-se à embolização com partículas da mucosa nasal.
Resultados: No pós-operatório (embolização) imediato observou-se agravamento da sintomatologia oftalmológica, aspectos que estão em relação com o próprio processo de cura, que consiste na trombose da veia oftálmica e do seio cavernoso. Pretende-se que o processo de trombose seja gradual, tendo por isso, a doente ficado sob terapêutica anticoagulante (fraxiparina) durante uma semana. Verificou-se melhoria progressiva da sintomatologia, com o desaparecimento de todos os sintomas ao fim de três meses.
Conclusão: As fístulas durais da região do seio cavernoso podem ser tratadas por diferentes abordagens endovasculares, entre as quais, a embolização da mucosa nasal. Salienta-se a importância da abordagem multidisciplinar entre oftalmologia e neuroradiologia de intervenção.
Apresentado:
no XLI Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, em Aveiro, Novembro de 1998, que foi considerada como “Melhor apresentação da Sessão – Estrabismo e Neuroftalmologia”