Curva de Aprendizagem da Facoemulsificação da Catarata no Hospital Fernando Fonseca

     Introdução: Foram factores decisivos no design deste estudo, o objectivo de avaliar quais as complicações intra e pós-operatórias de um grupo de 8 cirurgiões no processo de conversão para a facoemulsificação, para que se possam fazer as correcções necessárias no processo de aprendizagem.

     Material e métodos: De entre as primeiras 255 cataratas extraídas por facoemul­si­fica­ção, criámos 3 grupos, com 85 cirurgias cada um, sequenciais no tempo, e fomos avaliar as complicações intra e pós-operatórias, utilizando um protocolo, que nos permitiu um estudo comparado entre os 3 grupos.

     Resultados:  Sendo o protocolo relativamente extenso, salientamos alguns resultados do estudo comparativo:

     a) Taxa de conversão para Extracção Extra-Capsular (EEC): 1º grupo: 21.1% (18); 2º grupo: 12.8% (13); 3º gru­po: 7.0% (6).

     b) Roturas de Cápsula Posterior (RCP): 1º grupo: 16.4% (14); 2º grupo: 21.17% (18); 3º grupo: 16.4% (14).  Perda de Vítreo (PV): 1º grupo: 10.5% (9); 2º grupo: 14.1% (12); 3º grupo: 9.4% (8).

     c) Das 255 cirurgias, colocaram-se 5 lentes de câmara anterior, 3 delas no 2º grupo; só no 3º grupo se colocaram lentes dobráveis (32).

     d) Nas complicações pós-operatórias, não encontrámos diferenças significativas entre os 3 grupos, referindo-se a baixa percentagem de descompensação da córnea em qualquer deles (3.5%), de que só um caso não recuperou.

     Conclusões:  A conversão para facoemulsificação é segura, desde que não hesitemos em converter para EEC quando surjam dificuldades, e nos 3 grupos em análise é evidente a diminuição da taxa de conversão com a experiência. No 2º grupo, apesar de uma menor taxa de conversão para EEC, aumentou o número de RCP, denotando, porventura, uma maior confiança do cirurgião ainda não acompanhada pela devida experiência.