A Neoplasia Intra-epitelial da Conjuntiva (CIN) representa uma lesão neoplásica que está confinada ao epitélio da conjuntiva, não ultrapassando a sua membrana basal. Por isso, alguns autores classificam-na como lesão pré-neoplásica.
Quando a proliferação celular anormal envolve apenas parte da espessura do epitélio, é classificada como CIN ligeira (antes chamada displasia), Quando afecta toda a espessura do epitélio é classificada como CIN grave (antes chamada carcinoma in situ). São termos anátomo-patológicos que não podem ser diferenciados clinicamente.
As CIN aparecem mais frequentemente em pessoas idosas, com história de exposição prolongada à radiação solar, ou em imuno-deficientes.
Aparecem como uma lesão carnuda, séssil ou pouco elevada, normalmente no limbo, mas não só na região interpalpebral. A inflamação secundária pode levar ao diagnóstico errado de conjuntivite.
Raramente se desenvolve placa de queratina (leucoplaquia) por hiperqueratose secundária. Uma leucoplaquia extensa é sinal de provável carcinoma pavimento-celular invasivo.
A lesão pode estender-se para o epitélio da córnea em extensão variável, formando uma opacidade superficial que pode ter ou não vasos sanguíneos. Raramente invade o estroma da córnea, pois a membrana de Bowman representa uma forte barreira à progressão das neoplasias.
A CIN ligeira pode transformar-se em CIN grave, e esta em carcinoma pavimento-celular. Como factores agravantes deste processo estão a radiação solar e o vírus do papiloma humano (HPV) tipo 16 e 18.
O tratamento é normalmente cirúrgico, podendo ser co-adjuvado com crioterapia. Por não ter limites muito precisos, a sua excisão pode não completa, e levar a uma recidiva. Em casos agressivos ou em recidivas, podem-se usar substâncias anti-mitóticas (como a Mitomicina C e o 5-Fluorouracilo).
• Neoplasia Intraepitelial da Conjuntiva em doente com infecção HIV: Caso clínico
Fernando Trancoso Vaz, João Cabral, P. Santos Kaku, João Rodrigues,
Manuela Bernardo, Susana Teixeira, Filomena C. Silva, F. E. Esperancinha
Artigo publicado na Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia,
Vol. XXVI, n.º 3, pág 77-82, Julho-Setembro de 2002
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