Carcinoma de glândulas sebáceas palpebral

     O Carcinoma de glândulas sebáceas (CS) é um tumor raro (cerca de 5% dos tumores malignos da pálpebra) mas muito agressivo. Com predilecção pelo sexo feminino, surge normalmente depois dos 70 anos. Se aparece antes desta idade, normalmente há história prévia de radioterapia ou imuno-supressão. Como é frequentemente confundido com processos inflamatórios das pálpebras (como o chalázion), ou quase não dá sintomas, o seu diagnóstico pode ser atrasado. Facilmente metastisa para os gânglios linfáticos regionais (cervicais), ou à distância.

     Frequentemente tem origem nas glândulas sebáceas (de Meibömio) da pálpebra superior, mas também se pode originar nas glândulas sebáceas dos cílios (glândulas de Zeis), da carúncula ou do supracílio.

     Pode ter várias apresentações, consoante o tipo de glândula sebácea de origem (glândula de Meibömio ou glândula de Zeis). Ao contrário do Carcinoma Baso-Celular (CBC), não ulcera nas fases iniciais. Normalmente encontra-se madarose do bordo palpebral adjacente. As formas difusas são devidas ao tipo de crescimento pagetoide da lesão. Para além da pálpebra, pode invadir a conjuntiva e assim assemelhar-se a blefaro-conjuntivite crónica unilateral. Se tem origem nas glândulas de Zeis, normalmente surge como um nódulo amarelado no bordo palpebral. Pode invadir a órbita (15% dos casos), ou metastisar para os gânglios linfáticos (30% dos casos).

     A lesões destas glândulas (hiperplasia, adenoma e carcinoma) quando associadasa queratoacantoma e a outros tumores (normalmente do cólon), constituem a síndrome de Muir-Torre, de transmissão autosómica dominante.

     O tratamento é cirúrgico, e pode ser necessária a remoção de toda a pálpebra. Não responde tão bem à radiação como o CBC.

 
● Atypical ‘benign behaviour’ of eyelid sebaceous carcinoma
     Samuel Alves, Filipe Silva, Mara Ferreira, João Cabral
Artigo publicado na BMJ Case Reports 2012; doi:10.1136/bcr-2012-006430  Ver Artigo
 

 

Casos clínicos

CS recidivado, originário das glândulas de Zeis da pálpebra superior de uma mulher de 47 anos, antes e depois da excisão de toda a espessura da pálpebra e reconstrução com retalho local de avanço. Após 3 anos não há evidência de recidiva local ou à distância.